O mito da inferioridade feminina:

A melhor escrava

não precisa ser espancada

Ela golpeia a si mesma

Não com um chicote de couro,

ou com paus ou galhos,

não com um porrete

ou com um cassetete

mas com o fino chicote

da própria língua

e com o sutil espancamento

da sua mente contra a própria mente

pois quem poderia odiála tão bem

quanto ela se odeia?

e quem poderia igualar a delicadez

de seu autoabuso?

anos de treinamento

são necessários para isso.

– Erica Jong

O modelo de sucesso da nossa sociedade é o modelo masculino. A mulher sai de casa e busca provar o tempo todo que é inteligente e competente, que é financeira e emocionalmente independente.

A sua dedicação é totalmente voltada para a realização no trabalho; para ascender no mundo acadêmico ou corporativo; alcançar prestígio, posição e construir um patrimônio. E assim preenche cada momento livre com o fazer.

Claro, que essa lógica não surgiu do nada. Desde a revolução industrial as mães são responsabilizadas, enaltecidas ou recriminadas por quem são seus filhos e pelo tipo de pessoa que se tornam.

Muitas filhas vivem o conflito de querer levar uma vida mais livre do que sua mãe, e ao mesmo tempo desejar o amor e a aprovação materna. Querem ir além de sua mãe, mas temem perder o amor dela.

E para se distanciar de sua mãe e do poder da mãe sobre ela, a mulher pode passar por um período de rejeição a todas as qualidades femininas que são distorcidas pela lente cultural como inferior, passivas, dependentes, sedutoras, manipuladoras e impotentes.

Achamos que precisamos ser “tão boas quanto os homens”. Afastamo-nos do arquétipo de mártir da mãe, que sacrificou a própria vida pelo bem-estar do marido e dos filhos.

O perigo surge quando a filha que rejeita o feminino negativo incorporado pela mãe também rejeita os aspectos positivos da sua própria natureza feminina como o lúdico, a criatividade, a sensualidade, a paixão, a intuição e a capacidade de acolher e criar.

“As filhas do pai” organizam a vida de acordo com o princípio masculino, seja permanecendo vinculadas a algum homem, seja agindo a partir de uma motivação interior masculina.

A maioria das mulheres busca poder e autoridade ou tornando-se como os homens ou tornando-se queridas por eles.

Ela aprendeu a fazer tudo com lógica e eficiência, mas sacrificou sua saúde, seus sonhos e sua intuição. Ela fica desconectada do seu lado suave e feminino e nutre um grande desprezo pela maioria das mulheres, que categoriza como ignorantes, coniventes e destrutivas.

Como dito acima a mulher está sempre procurando um fazer, mais um diploma, mais um trabalho, mais um elogio para ser aplaudida e reconhecida por um grupo de homens e ser aceita por eles.

No entanto, quando deixa de fazer, a mulher precisa aprender simplesmente a SER. Ser não é luxo; é disciplina. A mulher precisa reconhecer que tem necessidades saudáveis e que precisam ser atendidas. Toda mulher precisa encontrar a própria voz.

É preciso curar a profunda ferida feminina. A viagem de volta envolve a redefinição e validação dos valores femininos. É necessária a integração do masculino e feminino; quando a mulher pode não apenas servir às necessidades dos outros, mas também valoriza e é sensível às suas próprias necessidades.

O certo é que a cura ocorre dentro da mulher à medida que ela começa a acolher seu corpo e sua alma, resgatando seus sentimentos, sua intuição, sua sexualidade, sua criatividade e seu humor.

Essa etapa envolve escolhas e sacrifícios muito claros, o quais para uma pessoa com visão patriarcal, podem parecer uma renúncia.

Fonte: Jornada da Heroína  de Maureen Murdock

 

 

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Carol Nazar é criadora do Carol Nazar Babies, onde compartilha suas experiências sobre maternidade.

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