Ia começar a fazer um post sobre a importância de ensinar as crianças a acreditar que elas têm o controle sobre a própria vida e os eventos que as afetam, ou seja, que nós temos poder sobre a vida e que esta não é regida pelo acaso ou pelo destino.

Mas acho válido antes de fazer um post falando como podemos fazer isso, falar como com 33 anos eu percebi essa importância e passei a ter o controle da minha vida e não ficar esperando que o destino agisse por mim.

Senta que lá vem história

Até o João nascer eu achava que controlava tudo a minha volta como a maioria das mulheres pensam. Estava tudo muito bem, casada, com um emprego estável como advogada numa multinacional, engravidei sem a menor dificuldade aos 31 anos e assim a vida fluía. Sabia que tinha algumas insatisfações, mas não parava para pensar muito nelas, ia empurrando para debaixo do tapete.

Até que em julho de 2016 o João nasceu. E a partir daquele dia eu não consegui empurrar mais nada para debaixo do tapete. Foi uma trasnformação tão avassaladora, que só neste momento comecei a me ouvir e a perceber que não controlava mais nada.

Passei o período da licença maternidade muito bem, conhecendo o meu filho e essa nova pessoa que surgia dentro de mim. Me aprofundei na maternidade, lia tudo sobre psicologia infantil, nutrição, pedagogia, neurociência, fases do bebê e desenvolvimento.

Quando começou chegar próximo da data de voltar ao trabalho, meu coração ficou muito apertado, mas ao mesmo tempo pensava como não trabalhar? Jamais consegueria ficar em casa, primeiro pelo julgamento das pessoas e depois pela falta do meu próprio dinheiro.

Atualmente é quase um crime você dizer que vai priorizar a criação do seu filho por pelo menos 1 ano. Coisa que nos países mais desenvolvidos é um direito, como na Dinamarca, Finlândia e Noruega.

No entanto, alguém lá no céu resolveu agir e minha chefe me ligou dizendo que iriam me demitir. Empresa de petróleo, uma crise daquelas no RJ e uma pessoa que ficou 5 meses fora, obviamente já foi substituída por alguém que acumulou o meu trabalho.

No dia ainda fiquei um pouco triste, mas depois pensei está ótimo, vai ser maravilhoso ficar esse tempo com o João e quando ele tiver perto de completar um ano eu volto pro mercado.

E foi tão maravilhoso que foi justamente nesse período que resolvi criar o blog. Já que estava em casa e mergulhada nesse tema, por que não compartilhar informação e fazer uma rede de apoio com outras mães?

Nesse dia eu descobri o que realmente queria fazer na vida, me comunicar, ouvir outras pessoas, pesquisar e ajudar outras mães. Foi um encatamento para mim descobrir que podia fazer algo que me desse tanto prazer.

Mas como disse o destino agiu por mim, estava muito tranquila, não foi uma escolha diretamente minha, simplesmente aconteceu. Pensei se está assim é porque tem que ser assim. Estava muito feliz e me sentindo realizada. Nunca fui apaixonada pelo direito, mas ia trabalhando sem muito entusiamo até porque não me achava em outro ofício.

Contudo, mal eu sabia que as coisas não funcionam assim. Para amadurecermos temos que tomar decisões e ser responsáveis pelas nossas escolhas. Não pode ir vivendo sem que as escolhas tenham consequencias, como se uma força superior sempre fosse agir por você.

Um parêntesis: que fique claro que sou uma pessoa que acredita muito em Deus e tenho uma fé muito grande, mas Deus nos deu o livre arbítrio e é nosso dever escolher nesta vida as nossas atitudes e traçar o nosso caminho nessa terra, não Ele agir sempre em nosso lugar. Fecha parêntesis.

Sete meses depois da demissão, meu chefe ligou pedindo para que eu voltasse a trabalhar na mesma empresa.

Eu me lembro que chorei demais, pois como disse achei que o destino já tinha decidido por mim, que não precisaria mais escolher. Eu chorava e conversava com Deus “Você sabe que eu não vou ter coragem de dizer não. Por que está fazendo isso comigo?”

Chorei porque é muito difícil abandonar uma profissão que você atua por 10 anos, aguentar o julgamento das pessoas e abrir mão de uma independência financeira.

E não aguentei o tranco, quando o João estava com 1 ano e 2 meses eu voltei para a empresa. Essa idade já seria razoável deixá-lo na escola como fiz, o problema não foi esse. O ponto era que não me via mais naquela profissão, trabalhando no que eu não gostava, engessada dentro de uma corporação com horário para entrar e sair, sem a menor flexibilidade.

Foram 8 meses, não terríveis, porque sou uma pessoa muito otimista e sabia que a escolha tinha sido minha, mas foi um período de amadurecimento, de muita reflexão, de me olhar, de leitura, de me conhecer e responder a pergunta o que eu quero fazer dessa vida? Uma pseudo estabilidade num escritório ou trabalhar com que realmente me dá tesão e usar a minha criatividade. Passar a vida sem entusiasmo e vivendo no automático ou acordar com o sentimento de liberdade para criar e fazer o que gosto?

Você sabia que entusiamo antigamente significava inspiração pela presença de Deus. Você se sente entusiasmada com o que faz? Com a sua vida?

Quando aceitei que passaria um tempo sem ganhar dinheiro (um tempo indefinido, diga-se de passagem) e que não sofreria pela falta dele, quando aceitei que não ligaria para o julgamento das pessoas e quando decidi com o que eu queria trabalhar eu estava pronta para pedir demissão e ir tranquila me dedicar as minhas escolhas.

Quanto a questão financeira eu tenho algum dinheiro guardado de recisão e FGTS e claro que conto com a ajuda do meu marido. Nesse processo todo ele foi envolvido e tinha que ser, pois vivemos juntos, um apoia o outro e concede a chance de cada um se realizar. Isso que para mim é viver em casal e respeitar a individualidade de cada um. Casar, morar junto é muito mais do que dividir conta, é dividir sonhos, é crescer junto é dar a chance e apoio de cada um passar pelas suas evoluções (profissionais, espirituais e pessoais).

Deus (o nome que você quiser chamar) é tão maravilhoso que me deu a chance com a maternidade de descobrir o que realmente quero me dedicar. Quando percebi que temos como agir para a vida ser do jeito que queremos que ela seja, foi tão maravilhoso, me preencheu de tanto entusiasmo que não dava mais para esconder e abafar meus sentimentos e vontade de mudança.

É essencial se libertar das regras e julgamentos para se ter liberdade e poder sobre a própria vida, seja em qualquer setor, não só da profissão.  Vale para o lugar que você mora, para o corpo que você tem, para as coisas que você consome, se você não tem entusiasmo de voltar para casa, se você fica obcecada ou sendentária com o corpo, se você compra até se endividar e nada disso te deixa em paz está na hora de fazer algo por você e mudar. Ninguém, nem o destino fará milagre.

A decisão ela pode demorar a acontecer e isso é importante, porque realmente deve ser pensada, analisada, discutida com as pessoas envolvidas diretamente para ao final agirmos sem medo. Quando agimos honestamente e para o bem uma onda positiva toma conta da nossa vida e só o bem vem em retribuição. Confie nisso!

Hoje estou aqui me dedicando ao blog, a abertura de um outro negócio próprio, a maternidade, ao meu bem estar e isso só me faz bem, mesmo não ganahndo 1 centavo atualmente.

Outra coisa, te garanto que quando estamos preenchidos, nos sentindo iluminados não temos tanta necessidade de comprar coisas, na maioria das vezes esse consumo desenfreado é muito mais para preencher vazios internos, que de maneira nenhuma serão curados comprando uma roupa, um sapato, uma viagem para onde for. Quando se está em paz você está feliz na sua casa mesmo, sozinha e num dia nublado.

Ainda temos metade do ano pela frente, tudo de novo vai se repetir, é tempo de sobra de começar a olhar para você e se desenvolver e se escutar para mudar o que te incomoda.

Agora que já entendemos como é importante ter o controle da nossa vida e o poder de tomar decisões, na próxima semana publico um post de como podemos ensinar isso aos nossos filhos. Tão bom eles já saberem isso desde cedo, né?

Para ler mais posts reflexivos como este clique aqui, aqui e aqui.

 

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Carol Nazar é criadora do Carol Nazar Babies, onde compartilha suas experiências sobre maternidade.

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