Olá queridas leitoras!
Hoje eu trago um post muito esclarecedor sobre parto domiciliar escrito pela minha obstetra Dra. Camila Rabello.
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Você tem curiosidade sobre o funcionamento do parto domiciliar? Tem ideia de quais são as providências ou limitações?
Vou descrever aqui um pouquinho sobre esta proposta.
Primeiro ponto importante é que um parto domiciliar deve ser um evento planejado. Existem diretrizes e normatizações definindo quais recursos são necessários. Além disso, existem critérios para permitir que uma mulher esteja ou não esteja apta a um parto no domicílio. Em outras palavras, um parto deve ocorrer no domicílio quando este for um desejo consciente e informado desta mulher, quando houver uma equipe de assistência preparada tecnicamente e em posse de material adequado para suporte à mãe e ao recém-nascido e quando não houverem contra indicações obstétricas para esta modalidade.
Considera-se aptas as pacientes submetidas a pré natal de risco habitual que não apresentaram intercorrências e que não desenvolveram comorbidades durante a gestação.
Segundo ponto interessante é que um parto domiciliar prevê uma evolução de parto totalmente fisiológica e um nascimento natural literalmente. Digo isso porque intervenções não são aceitas neste contexto de domiciliar. E isto se justifica no fato de que uma intervenção acaba favorecendo outras intervenções; funciona como uma cadeia.
E partos com intervenções tendem a ter mais intercorrências do que os partos fisiológicos. Lógico né?! A natureza é sábia! Mulheres sabem parir e bebes sabem nascer! Na maioria absoluta das vezes esta premissa é verdadeira. E é uma premissa fundamental ao parto domiciliar. Apoiamos no domicílio aqueles nascimentos absolutamente fisiológicos, que seguem uma linha de evolução e que não apresentam nenhum tipo de alerta que possa indicar uma distocia ou dificuldade de evolução.
Acreditamos na fisiologia do corpo feminino e na sua capacidade de dar conta de todo o processo do parir de forma perfeita e segura. Aquelas evoluções excepcionais que não seguem a fisiologia e/ou aparentam ter entraves em seu caminho precisam ser mais cuidadosamente avaliadas e, se necessário for, transferidas para uma unidade hospitalar.
Este olhar atento e precavido é uma escolha de nossa equipe Vervita Salvador visando minorar a chance de intercorrência no domicílio visto que o ambiente domiciliar mesmo equipado com todo o material de suporte necessário à proposta tem suas limitações de assistência. Além disso, a nossa estrutura urbana não nos permite acesso em tempo ideal às unidades de saúde e não nos acariciam com unidades preparadas e dispostas a nos acolher diante de uma intercorrência. Portanto , entendemos, que neste contexto, ser precavido é a melhor alternativa. Garantir um bom resultado materno fetal é o nosso objetivo maior.
Mas, e se ocorre aquela excepcionalidade de uma intercorrência no contexto do parto plenamente fisiológico? Existe possibilidade de manejo no domicílio?
Claro que sim! Dentro dos materiais citados como necessários para um parto domiciliar planejado existe material de suporte para as principais e mais corriqueiras intercorrências previsíveis em um nascimento. Como, por exemplo, hemorragia materna ou crise hipertensiva.
Pensando nos recém nascidos, há suporte para assistência aos bebês que não nascem com boa vitalidade (sem respirar e/ou com baixo tônus). A equipe treinada em reanimação neonatal é capaz de identificar essa situação e realizar os passos iniciais da reanimação que na grande maioria dos casos é suficiente para recuperação da vitalidade do bebê.
Dentre todos os recém nascidos (os de risco habitual e os de alto risco) 10% necessitará de ajuda para iniciar respiração efetiva e apenas 0,1%-0,2% necessitam de avanço na reanimação chegando a intubação e massagem cardíaca. Vale lembrar que bebês de alto risco não são elegíveis para nascimento no domicílio e que apenas aqueles bebês considerados de risco habitual costumam nascer fora do ambiente hospitalar o que, a rigor, impacta ainda mais na redução da estatística da necessidade de ajuda para iniciar respiração efetiva.
O nosso posicionamento é de apoio aos casais que, uma vez enquadrados em risco habitual, optam pelo parto planejado em ambiente extra hospitalar por acreditar não apenas nos pontos acima citados mas principalmente por entender que esta é uma escolha da mulher, do casal, frente ao nascimento do filho que é deles.
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Dra. Camila Rabello é Graduada em Medicina pela Universidade Federal da Bahia, cursou residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade Federal da Bahia, possui título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pelo Conselho Federal de Medicina e pela FEBRASGO. Médica concursada pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) e Instrutora do curso ALSO – Suporte avançado de vida em obstetrícia. Diretora Médica da Clínica Angiclin.
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