Esse clássico livro escrito por Laura Gutman é um best seller dos livros de maternidade. Apesar dele ser encontrado nesta seção nas livrarias, o livro é muito mais do que isso. Ele permite você rever seus atos, sua infância, conduz no caminho do auto-conhecimento para um resgate no relacionamento entre mães e filhos.

O último parágrafo do livro, no epílogo, diz o seguinte: “Temos a obrigação de ser cada vez mais conscientes para manter vínculos de respeito mútuo, e, então poder criar filhos em um sistema amoroso. Porque no final das contas, tudo o que nos acontece é por falta de amor.”

A frase é certeira, quantos adultos ainda não vemos por aí carentes, agressivos, deprimidos, muitas vezes sendo medicados, sedentos simplesmente daquele amor materno que não tiveram? Um corpo de adulto numa alma infantil que ainda anseia e suplica amor, carinho e atenção que não tiveram na infância.

O que destaco:

Na verdade eu teria grifado o livro todo, mas vou tentar sintetizar aqui o que mais me tocou.

A sombra

Por que a maternidade é o encontro com a própria sombra? Porque mesmo que você tenha chegado até aqui empurrando para debaixo do tapete o encontro consigo mesma, não dando luz as partes desconhecidas da sua psique e também ao do mundo espiritual a maternidade trará esse encontro invariavelmente.

Aquilo que desejamos esquecer, que pertence ao passado o bebê traz e se transforma num espelho cristalino dos nossos aspectos mais profundos.

Fusão emocional

Laura afirma que o bebê continua fundindo emocionalmente com sua mãe mesmo depois do parto. Por isso, ele consegue manifestar todas as nossas emoções, sobretudo a que ocultamos de nós mesmas.

Isso quer dizer que se um bebê chora muito, se não é possível acalmá-lo nem amamentando nem ninando  e mesmo depois de atender suas necessidades básicas a pergunta que se deve fazer é: por que sua mãe chora tanto?

Puerpério

As mulheres ainda têm uma ingenuidade absoluta em relação a gravidez, a tratamos de forma infantilizada, romantizada e cercada de pensamentos supérfluos e conselhos inúteis. 

Não há uma preparação para o parto, mas quando dão a luz o bebê não se lembra em nada com aquele bebê imaginado. É um bebê que chora sem parar, seja por causa das fraldas, porque não  adere ao peito, é muito magro, muito comprido ou muito largo, não se conecta, é inquieto, nasceu antes ou depois do previsto, foi cesariana quando se queria normal, não dorme e assim por diante.

E nesse momento vem o choque da realidade entre o que achava que seria e o que é.

Soma-se a isso o aparente rompimento do vínculo do casal, os desacordos familiares, a solidão, o distanciamento afetivo das pessoas que acreditávamos serem as mais próximas.

Por isso, a ideia principal passada é que a mulher puérpera não deve ficar sozinha durante muito tempo. Precisa de apoio, assistência, de companhia, de disponibilidade, de alguém que não a julgue e tampouco se intrometa, alguém que possa confiar as tarefas delegáveis como cuidar dos filhos mais velhos, da comida, da casa.

Todas nós precisamos de apoio afetivo e isto não é luxo é necessidade.

O bebê e a mãe fusionada

Somos uma sociedade que criamos nossos filhos de forma violenta. Toda hora tem alguém para aconselhar que bebês podem ficar mal-acostumados, mimados e ruins se cedermos as suas vontades.

Ocorre que uma criança não apiada corporalmente, com negação de colo, carinho e beijos de contato físico procurará eternamente o contato compulsivo. Uma criança não amada procurará amor em todos os lugares e nunca estará satisfeita. Contudo se ela cresce com suas necessidades respeitadas ela cresce segura e pronta para explorar o mundo exterior.

A autora lembra: ninguém pede aquilo que não precisa!

O direito à verdade

“A verdade concreta dita com palavras organiza o entendimento das crianças e constrói a estrutura emocional sustentada pela lógica”

Os adultos não costumam compartilhar o que acontece conosco com as crianças, nem as decisões fundamentais que tomamos muitas vezes sobre suas próprias vidas. A criança é colocada, trocada de escola sem que ao menos saiba o que vai acontecer, não as envolvemos. Seus pais se divorciam e nada é falado, o relegamos a mero desconhecidos e não expomos o que está acontecendo.

Mas quando conseguimos falar com absoluta clareza o que está acontecendo dentro de casa, certamente veremos filhos amáveis, carinhosos e que irão querer participar do restabelecimento do nosso equilíbrio afetivo.

Pedido deslocado

Comunicação. Para conseguirmos uma relação harmoniosa tudo irá depender da nossa capacidade de comunicação

Nem sempre o que seu filho está pedindo é de fato o que ele realmente quer. Precisamos identificar o pedido original, o que está por trás daquela birra, do choro.

Exemplo: Você chega em casa do trabalho à noite e seu filho pede para ler uma história. Você diz primeiro vá escovar os dentes. Ele não quer. Irritação e discussão de ambos os lados. Ele dorme sem a história e você angustiada.

Ler a história na verdade é seu filho querendo sua atenção, um momento de tranquilidade a sós com você, ele está sentindo sua falta e não sabe mais como pedir.  Na verdade ele quer a sua companhia mas pede para você ler uma história.

No entanto, para reconhecer o pedido original atrás do pedido deslocado é necessário dedicação. Precisamos nos dedicar com sinceridade parte do nosso dia para alimentar as relações afetivas com nossos filhos.

Outros temas

A autora ainda fala sobre diversos outros temas interessantes como a amamentação, parto, desfralde, chegada do irmão, relação sexual depois dos filhos, mas não tenho como abordar tudo aqui, esse post já ficou longo demais e se você leu até aqui realmente está a procura de uma relação verdadeiramente afetiva com seu filho.

Para ver resenha de outros livros clique aqui e aqui .

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Carol Nazar é criadora do Carol Nazar Babies, onde compartilha suas experiências sobre maternidade.

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