Como promessa é dívida, depois que contei como foi a minha transformação de ter o controle sobre a minha própria vida nesse post aqui, vou falar como podemos ensinar isso aos nossos filhos desde a infância.
Locus de Controle Interno e Externo
Inicialmente, é importante entender que há dois tipos de pessoas: as que acreditam que têm poder sobre a própria vida e aquilo que lhes acontece (locus de controle interno) e as que acreditam que a vida é controlada pelo destino, e suas próprias atitudes tem pouca ou nenhuma influência (locus de controle externo).
Estudos comprovam que pessoas com o locus de controle externo, ou seja, que acreditam que tem pouco controle ou nenhum sobre o próprio destino são pessoas (inclusive crianças e adolescentes) mais dispostos a sofrer por depressão e ansiedade. Nada mais natural ser extramamente ansioso quando você acha que não pode direcionar sua vida.
Como fazer com que nossos filhos tenham o locus de controle interno?
Integridade
Não há apenas uma maneira, na verdade é uma forma de criação. Nesse post aqui sobre a importância da resiliência também falei sobre isso. A brincadeira livre é fundamental para a criança aprender a tomar decisões, analisar riscos, aprender a ceder e lidar com frustações.
Outra maneira é a que exponho agora. Para isso acontecer também temos que criar filhos íntegros, ou seja, criar filhos com integridade sobre os nossos sentimentos.
Quando você, mãe ou pai, está triste, passando por um problema, ansioso, até mesmo com raiva de alguma coisa e não é franco com seu filho você não os está ensinado a ter honestidade emocional. Quando ele te pergunta o que está acontecendo e você simplesmente passa e diz que está tudo bem, não sendo franco com a criança, ela saberá que não é verdade (crinças percebem as coisas, no fundo sabemos disso, pois já fomos uma) e achará normal esconder seus sentimentos, inclusive para si mesmo.
Logo, o resultado dessa atitude de autoengano é a criança não aprender sobre esses sentimentos mais complexos, afetando assim sua capacidade de controlá-los. Este autoengano faz com que a criança repita esse comportamento e ignore o que realmente ela está sentido, fazendo-a tomar decisões com base em influências externas e não na sua própria vontade.
Ter integridade e olhar para si e buscar o que realmente se deseja sem ter medo de assumir é ficar em contato com as próprias emoções e não escondê-las para debaixo do tapete, reprimindo-as.
Elogio
Podemos e devemos elogiar os nossos filhos, mas devem ser elogios sinceros e não exagerados. O elogio exagerado é vazio e não encoraja o crescimento e desenvolvimento da criança.
Por exemplo, quando seu filho tira uma nota boa na escola, ou faz um desenho bonito ao invés de você rotulá-lo como inteligente, foque no processo de trabalho que ele teve para ter conseguido o resultado alcançado.
Se interesse, pergunte como ele fez para chegar até aquele resultado, quanto a nota boa qual foi o plano de estudo? Como ele pensou ao dar aquelas respostas? O que ele leu? Se o desenho ficou lindo, quais cores usou? O que estava pensando quando fez aquele desenho? Foque no processo.
Isso porque, quando rotulamos de inteligente ou ele um artista (no caso do desenho), a criança acredita que ela nasceu assim e ponto. Não precisa se esforçar mais, estudar mais, se empenhar mais, isso é inerente a ela, lhe pertence e nunca vai mudar. Sempre escolherá tarefas mais fáceis, que exija menos esforço para não se frustar e continuar a receber o elogio de outras pessoas, pois acredita que assim está tudo sob controle e agradando aos outros, ao invés de si agradar e de fazer o que realmente deseja.
Por outro lado, a criança que acredita que tudo pode ser desenvolvido e melhorado, inclusive a inteligência, sempre se esforçará através do trabalho, da educação para que suas habilidades sejam superadas. E aí, meu bem, nem o céu é o limite para essa pessoa!
Quando entendemos que com o nosso esforço, com as nossas decisões, com o aprendizado, com nossa força interior e que não precisamos da aprovação de pessoas externas é o que basta para sermos capazes de tudo, nos tornamos pessoas mais felizes e de quebra humildes, pois nada é nosso, só com o esforço e aprendizado conseguimos as coisas. O esforço é algo positivo que deve ser valorizado. Isso sim gera inteligência e o crescimento.
Conclusão
Seja franco com você. Aprenda a deixar suas emoções fluírem e não as esconda de seus filhos. Qual o problema dele saber que algo não vai bem? A vida não é um mar de rosas, é bom ele ver que passamos por frustações, mas nos esforçamos para sair delas e dar a volta por cima.
Elogie o processo, matenha o foco no esforço e não nas qualidades inatas da criança. O que importa é a perseverança e não o talento inato. Não compare seus filhos com os outros, não estimule a rivalidade, ninguém é bom em tudo o importante é ele dar o melhor de si.
Fonte: Crianças dinamarquesas.