Devido o parto vaginal realizado pela Duquesa Kate Middleton muitas questões foram levantadas sobre a questão do parto normal e do parto cesariana.
Por isso a Dra. Polyana Azevedo esclarece as situações em que o parto cesariana é indicado à gestante. Isso quer dizer que se você não tem nenhum dos problemas abaixo, pode tranquilamente realizar um parto normal ou natural se for da sua preferência.
Se informar nesse momento tão importante da vida de uma mulher é um direito de toda família.
Parto cesariana
O assunto do momento é o parto vaginal da Kate Middleton e o curto período de permanência hospitalar. Que o parto vaginal é muito melhor para a recuperação materna, isso nós já sabemos. Mas hoje vamos falar daquelas condições em que não é possível realizar o parto normal, ou seja, que são contra indicações de parto normal, e portanto indicação de cesariana.
Segundo a PORTARIA No 306, de 28 de março de 2016 que aprova as diretrizes de atenção à Gestante, o momento do nascimento suscita questões sobre o processo do parto, a autonomia da gestante na escolha do modo de nascimento do filho e estratégias de saúde aplicáveis para a redução de morbidade e mortalidade materna e infantil.
Em condições ideais, a operação cesariana é uma cirurgia segura e com baixa frequência de complicações graves. Além disso, quando realizada em decorrência de razões médicas, a operação cesariana é efetiva na redução da mortalidade materna e perinatal.
Contudo, é imprescindível que durante o pré natal o médico forneça informações sobre as vias de parto e puerpério baseadas em evidências atualizadas, de boa qualidade, apontando benefícios e riscos sobre as formas de parto e nascimento, incluindo a gestante no processo de decisão.
São consideradas situações favoráveis de cesariana, após a gestante ter os esclarecimentos do procedimento cirúrgico e assinar o termo de consentimento:
- Apresentação anômala fetal– o bebê pode adotar uma posição diferente da cefálica no trabalho de parto. O parto pélvico não é uma indicação absoluta de cesariana, por mais difícil e arriscado que ele possa se tornar. Existe uma manobra realizada por médico obstetra experiente chamada versão cefálica externa que pode ser oferecida às mulheres com fetos pélvicos, em ambiente hospitalar e sem contra indicação para tal manobra, na tentativa de mudar a posição fetal para a cefálica, e permitir assim o parto vaginal com menos complicações.
Porém se o bebê estiver numa posição transversa, ou seja, atravessado no útero, não tem como o nascimento ocorrer por via vaginal, sendo necessário uma cesareana. - Gestação gemelar – se o primeiro feto tiver apresentação cefálica, é recomendado que a decisão pelo modo de nascimento seja individualizada considerando as preferências e prioridades da mulher, as características da gestação gemelar (principalmente corionicidade), os riscos e benefícios de operação cesariana e do parto vaginal de gemelares, incluindo o risco de uma operação cesariana de urgência/emergência antes ou após o nascimento do primeiro gemelar.
No caso de gestação gemelar não complicada cujo primeiro feto tenha apresentação não cefálica, a operação cesariana é recomendada. - Alteraçõess placentárias – Podemos citar os casos de placenta prévia centro-total ou centro-parcial devido ao alto risco morte materna-fetal. Assim como o descolamento prematuro de placenta, situação em que a placenta se descola do útero, causando uma interrupção de fluxo de sangue para o bebê e causando um sofrimento fetal agudo. Neste tipo de situação temos poucos minutos para salvar a vida do bebê.
- Gestantes com vírus HIV e Hepatite C – A operação neste tipo de situação é recomendada para prevenir a transmissão vertical do HIV e Hepatite C em mulheres com esta co-infecção.
- Infeccao ativa do vírus herpes – mulheres com infecção ativa (primária ou recorrente) do vírus Herpes simples a partir de 34 semanas de gestação são candidatas a cesariana.
- Cirurgias uterinas – Gestantes com 1 operação cesariana prévia deve ser considerada a preferência da mulher, os riscos e benefícios de uma nova operação cesariana e os riscos e benefícios de um parto vaginal após uma operação cesariana, incluindo o risco de uma operação cesariana não planejada. Porém, a cesariana é recomendada para mulheres com três ou mais operações cesarianas prévias.
O trabalho de parto e parto vaginal não é recomendado para mulheres com cicatriz uterina longitudinal de operação cesariana anterior, ou miomectomia volumosa anterior. Em mulheres com operação cesariana prévia e intervalo entre partos inferior a 15 meses (ou intergestacional inferior a seis meses), é recomendado individualizar a conduta relativa ao modo de nascimento. - Mal-formações fetais – algumas malformações fetais podem indicar a realização de uma cesárea, principalmente devido a desproporção entre diâmetro que algumas partes fetais malformadas podem atingir em relação a pelve materna.
- Desproporção Céfalo-Pélvica – Só se pode diagnosticar essa situação ao longo do trabalho de parto, quando existe dilatação e contrações adequadas porém não ocorre a evolução do partograma, ou melhor, a “descida” do pólo cefálico fetal.
Ainda há casos que o a gestante não apresenta nenhum problema relatado acima, no entanto um parto cesariana de emergência deve ser realizado quando há:
- Sofrimento Fetal Agudo – neste tipo de situação, o bebê corre enorme risco de vida, devendo ser retirado do útero o mais rápido possível.
- Iminência de Rotura Uterina – o útero pode romper em qualquer período do trabalho de parto devido as contrações uterinas.
O mais importante no momento do parto é o conforto da paciente gestante, tendo sua vontade respeitada; e a confiança na sua equipe assistente, para que seu bebê chegue saudável para trazer ainda mais felicidade pra essa família que está se formando.
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Dra. Polyana Azevedo é Ginecologista obstetra especialista em medicina fetal. Ela atende no Rio de Janeiro, na barra da tijuca no telefone (21) 3417-4945 e em Vila Isabel no telefone (21) 2258-8479.