O autismo, também conhecido por Transtornos do Espectro Autista (TEA), é caracterizado por um conjunto de alterações que irão interferir no desenvolvimento da linguagem, na comunicação, na interação e no comportamento social da criança. Segundo um levantamento feito pela OMS, a incidência do TEA é de 1 para cada 160 crianças no mundo e, no Brasil, estima-se cerca de 2 milhões de pessoas que convivem como espectro. Entretanto, uma minoria consegue ter o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.

As causas

As causas do TEA ainda não são totalmente conhecidas e não há cura. O diagnóstico precoce e início do tratamento são decisivos para a qualidade de vida da criança e seus familiares. Com os avanços neurocientíficos, neuropsicológicos e da genética, tem se associado o TEA com mutações genéticas, algumas síndromes e infecções. Os meninos são os mais acometidos e história familiar de autismo também aumenta a incidência do transtorno. Existem diversas teorias que tentam explicar o autismo como alterações no desenvolvimento cerebral, transtornos inflamatórios do sistema imunológico, teorias cognitivas que relacionam o cérebro com o comportamento autista mas nenhuma foi comprovada.

Como diagnosticar?

O diagnóstico do TEA é clínico, não existem exames específicos. Como é um transtorno que interfere na linguagem e interação social, o diagnóstico é feito através da avaliação da criança e entrevista com os pais por uma equipe multidisciplinar composta por médico, profissionais da terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia.

As manifestações podem estar presentes desde os primeiros meses de vida através da ausência de sorriso social ausência do olhar, preferência para ficar sozinho, pouco interesse pela face humana. Essas características devem chamar atenção do pediatra nas consultas de puericultura para iniciar uma investigação. As características do TEA ficam mais evidentes após os 18 meses quando o atraso da linguagem, o pouco contato visual e interesses repetitivos ficam mais evidentes.

Outras características que chamam a atenção são a seletividade alimentar, quando a criança apresenta restrição a um tipo de cor de alimento, textura ou paladar, dificuldade em quebrar rotinas, alterações sensoriais expressas na dificuldade para ser tocado. Esse comportamento fica muito evidente nos momentos de cortar cabelo, cortar unhas e até mesmo em carinhos. O diagnóstico em crianças mais velhas geralmente é realizado pela escola devido aos problemas de comunicação, dificuldade para fazer amigos, dificuldade para entender expressões faciais e figuras de linguagem.

Tratamento

Os principais objetivos do tratamento das crianças com TEA são estimular o desenvolvimento social e comunicativo, aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas, diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso às oportunidades de experiências do cotidiano e ajudar as famílias a lidarem com o autismo.

É importante se ter em mente que cada criança tem um comportamento próprio e o tratamento será individualizado, de acordo com suas necessidades. A família e o sistema de ensino são os principais recursos para o tratamento. Quanto mais precoce for iniciado o tratamento melhores resultados serão obtidos, principalmente antes dos 5 anos de idade.

Por esse motivo, a Academia Americana de Pediatria recomenda que toda criança entre 18 e 24 meses seja submetida a uma triagem para o TEA mesmo as que não estão com suspeita visando detectar as alterações o mais precoce possível a fim de se estabelecer a melhor estratégia terapêutica. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda um instrumento de triagem de indicadores de TEA para todos os profissionais que trabalham com crianças na primeira infância. A estratégia terapêutica é definida por uma equipe multidisciplinar e inclui terapias com fonoaudiologia o mais precoce possível com intuito de estimular o desenvolvimento da linguagem, terapia ocupacional para trabalhar as questões sensoriais, psicologia, equoterapia, entre outras.

Como foi dito anteriormente, a escola tem papel fundamental e toda criança com TEA tem direito a mediação escolar.A escola tem de encontrar meios de educar com êxito todas as crianças inclusive as com necessidades especiais.

A família

O impacto familiar do diagnóstico do TEA é muito grande pois a família se vê frente ao desafio de ajustar seus planos e expectativas quanto ao futuro diante da nova condição, além da necessidade de se adaptar a uma intensa rotina de cuidados das necessidades especiais de seu filho. Estudos apontam que pais de crianças autistas estão submetidos a um estresse físico e mental maior do que pais de crianças com outras patologias ou síndromes. Portanto, essa família não poderá deixar de se cuidar pois ela é a base de todo o tratamento. Atrás das vitórias de uma criança há uma família que acreditou primeiro no seu potencial.

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, dia 02 de abril, foi criado pela OMS com o intuito de alertar as sociedades e os governantes sobre o Transtorno do Espetro Autista, com o intuito de maior esclarecimento sobre o transtorno, ajudar a derrubar preconceitos, estimular a inclusão dessas pessoas na sociedade e o respeito por elas. Quanto mais longe uma criança autista caminhar sem ajuda, mais difícil será alcançá-la.

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Dra. Cristiane é endócrino-pediatra. Graduada pela Faculdade Souza Marques, Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Municipal Jesus, Título de especialista em Pediatria pela SBP, Residência Médica em Endocrinologia Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado e Endocrinologista do Hospital Municipal Jesus. Professora da disciplina de Pediatria da Universidade Unigranrio. Atende em seu consultório na Av. Luís Carlos Prestes, 410 - Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Telefone: (21) 3328-4266.

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