Estou lendo um livro chamado “Mulheres que correm com os lobos” da psicanalista junguiana Clarrisa Pinkola Estés, além de super recomendar a leitura, gostaria de compartilhar com vocês a ideia de uma parte do livro em que a autora fala sobre a mãe-criança e a mãe sem mãe.

Ela diz que nos velhos tempos as mulheres mais experientes auxiliavam as mães mais jovens, especialmente as mulheres que estão sendo mães pela primeira vez, uma vez que estas não tem dentro de si uma mãe experiente mas sim uma mãe-criança.

A mãe-criança não se trata da idade da mulher, o que importa é ser uma nova mãe, pois segundo a autora toda mãe começa como uma mãe-criança. A mãe-criança tem instintos que a norteiam corretamente, mas é preciso a atenção de uma mulher mais velha, ou de várias mulheres, que basicamente lhe dê sugestões, estímulo e cuidados com os filhos.

Narra a autora que durante séculos esse papel coube às mulheres mais velhas da tribo ou da aldeia. Essas “deusas-mães” humanas, foram mais tarde legadas pela região ao papel de “madrinhas”. Elas compunham um sistema básico de nutrição de-mulher-para-mulher que apoiava em especial as mães jovens, ensinando-lhes a alimentar, por sua vez as psiques e as almas dos filhos.

Além das palavras essas mulheres passavam mensagens complexas acerca do que ser e de como ser mãe simplesmente transmitidas com um olhar, com um toque com a palma da mão, um sussurro ou um tipo especial de abraço que diz “sinto carinho por você”.

Dessa forma, a mãe-criança é levada pelo portal adentro, sendo acolhida pelo círculo de mães maduras, que lhe dão as boas-vindas.

No entanto, tudo o que sobrou disso nos nossos tempos é um farrapinho chamado chá de bebê, que se resume a duas horas de piadas, fotografia, decoração etc.

Na maior parte do mundo a jovem mãe “choca”, dá a luz e tenta beneficiar seu filho completamente só.

O que na opinião da autora trata-se de uma tragédia de enormes proporções. Isso porque, ela se torna uma mãe sem mãe, que é uma mãe frágil e psiquicamente jovem ou muito ingênua. Ela insiste tanto em ter filhos que acaba rejeitando seu filho.

Ela pode se sentir tão deslocada sob o aspecto psíquico que se considera não merecedora até do amor do seu bebê. Ela pode ter sido torturada pela família e pela cultura que não se consiga imaginar digna de chegar ao arquétipo da “mãe-radiante” que acompanha cada nova gestação.

A autora é incisiva ao afirmar: não há como escapar! A mãe precisa receber a atenção materna para dar atenção à sua própria prole. Muito embora, a mulher tenha um vínculo físico e espiritual inalienável com seus filhos, nós mulheres não nos transformamos de um dia para o outro numa mãe temporal completa em si mesma.

Diante desta leitura achei imprescindível trazer essa reflexão para o blog, até porque esse foi o motivo principal de ter sido criado para conexão, apoio e informação às mães.

Mesmo que você não concorde, mesmo que você tenha tirado de letra a maternidade, há inúmeras mulheres que não, que viram seu mundo minuciosamente controlado virar de ponta cabeça, e não é por egoísmo ou vaidade mas simplesmente por ser muito difícil perder o controle da situação e se deparar com o inesperado, não saber como agir, se transformar em um novo ser praticamente de um dia pro outro, amar mais um outro ser do que a si próprio.

Por isso proponho que nós mulheres sejamos mais caridosas e tenhamos mais empatia com mães de primeira viagem. Não é fácil se tornar mãe, o assunto ainda é tabu, as pessoas se cobram perfeição e ela não existe…

E caso você seja uma mãe de primeira viagem, ouça as mais experientes, não ache que estão se intrometendo na sua vida quando é feito com carinho, não é pessimismo, é simplesmente para que você se sinta apoiada.

Acho que essa onda de baby blues é tão forte nos dias atuais (leia aqui um depoimento verdadeiro sobre o assunto) porque falamos muito pouco da vida real e nos concentramos na fantasia da maternidade e assim nos tornamos mães frágeis.

Para finalizar, a autora diz que mesmo que você tenha passado por isso o remédio está em obter cuidados de mãe para a nossa própria mãe interna, ou seja, procurar apoio, procurar outras mães, sejam elas da mesma família de sangue ou de almas gêmeas, seja o relacionamento entre analista e analisanda, entre mestre e aprendiz, ou entre espíritos afins são todos relacionamentos importantíssimos que nos fazem refletir, nos conhecer, aceitar e superar.

Beijos e até a próxima conversa!

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Carol Nazar é criadora do Carol Nazar Babies, onde compartilha suas experiências sobre maternidade.

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