Precisamos falar de um assunto sério e real: o bullying! A pedagoga Terezinha Nazar fala deste triste problema e como os pais devem agir.

Boa leitura!

Bullying não é modismo

As notícias que acompanhamos na mídia apontam que as questões sociais se fazem presentes nas sociedades e pertencem ao mundo, independentemente, de nível social e econômico, raça e gênero. Neste mesmo contexto observamos, também, que a violência assume grandes proporções e ocupa um espaço significativo e alarmante.

Entendemos o bullying como uma destas questões de violência, ou seja, uma construção social que surge a partir das relações e interações que os homens estabelecem entre si e em diferentes grupos sociais: família, escola, trabalho, igrejas, academias, clubes etc.

O bullying não é modismo, muito menos exagero ou “coisa de criança” como muitas vezes ainda ouvimos de pais e mesmo de profissionais da educação. Bullying é real, faz sofrer aqueles que são vítimas do bullying no mundo inteiro.

No Brasil as discussões sobre a temática crescem, pois a evidência do bullying está inserida, cada vez mais, no cotidiano dos espaços escolares e não pode ser ignorada pelos adultos que convivem com as crianças. Bullying é assunto sério, deve ser tratado como tal e com muito cuidado, pelas famílias e escolas.

O que é bullying?

O termo bullying tem sua origem na palavra inglesa bully que significa brigão, valentão. Em português entendemos esta terminologia como ameaça, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.

No Brasil, a Lei N° 13.185, de 6 de novembro de 2015, em vigor desde 2016, institui o Programa de Combate a Intimidação Sistemática (Bullying), e determina, com clareza, em seu Art. 1º, § 1º quanto à caracterização do bullying.

§ 1o No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.

O bullying no espaço escolar

Nos espaços escolares as situações mais usuais de bullying são apelidos, atitudes de repúdio, preconceitos, imitação da vítima, referências às questões físicas e ameaças. Precisamos destacar que, hoje, os casos de bullying virtual (cyberbullying) através das redes sociais são bastante comuns.

As vítimas de bullying, geralmente, são as crianças ou jovens mais tímidos e introvertidos, ou que fogem aos padrões físicos aceitos e ditos “normais”, ou novatos no grupo social e, ainda, aqueles que se destacam pelo desempenho escolar.

As pesquisas no campo da neurociência têm feito novas descobertas sobre o bullying e apontam que as experiências estressantes vivenciadas por vítimas de bullying podem causar mudanças a longo prazo no cérebro em desenvolvimento e deixar marcas significativas para suas vidas.

Vaillancourt, psicólogo da Universidade de Ottawa, no Canadá, considerando os resultados de seus estudos diz que:

O nosso trabalho apóia a idéia de que o bullying é realmente um evento seriamente prejudicial na vida de uma criança. É uma questão de saúde pública, uma vez que afeta tantas crianças negativamente, além de as evidências biológicas suportarem que representa um risco para futuros problemas de saúde.”

Ao observarmos vítimas de bullying percebemos que elas sentem vergonha e medo de falar sobre as agressões e os processos discriminatórios que vivenciam e podem apresentar comportamentos de baixa estima, ansiedade, depressão e uma maior tendência ao uso de drogas.

A literatura aponta que há uma prevalência dos meninos nas vítimas de bullying. Entretanto, precisamos lembrar que os meninos, geralmente, reagem às situações de bullying usando a força física o que pode dar maior visibilidade às mesmas. As meninas, diferentemente, praticam o bullying através de implicâncias, intrigas e distanciamento dos “amigos”, o que faz com que as situações passem despercebidas na escola e em casa.

Os adultos que convivem com as crianças devem estar atentos aos comportamentos que elas apresentam no cotidiano pois alguns deles podem ser sinais de alerta e indicadores de que algo não vai bem. Precisamos nos preocupar sim quando nossas crianças demonstram mudanças bruscas de comportamentos, tais como, situações repetitivas de recusa de ir para a escola, tendência ao isolamento e tristeza, falta de apetite constante, insônia e dor de cabeça, febres e tremores sem explicações e queda no desempenho escolar.

Família e Escola x Bullying

Família e escola precisam caminhar juntas no enfrentamento do bullying. Família e escola devem ser parceiras para o bem estar das crianças.

Nos espaços escolares os professores e todos os adultos que lidam com as crianças precisam estar atentos ao cotidiano escolar e aos comportamentos observados nas suas crianças. As situações de bullying nem sempre são visíveis e perceptíveis, ao contrário, muitas vezes o bullying é silencioso e somente percebido através de mudanças de comportamento como agressividade, introspecção, tristeza, baixa auto estima. Na realidade é difícil identificar a diferença entre as brincadeiras maldosas e o bullying e principalmente a perda de interesse de ir à escola ou a qualquer outro grupo social com as mais variáveis justificativas: dor de cabeça, dor de barriga, baixo rendimento acadêmico, etc.

A família tem papel fundamental nas questões da educação e, consequentemente, naquelas que envolvem bullying. Cabe aos pais acompanhar o desenvolvimento do filho e observar quando demonstra mudanças radicais e bruscas de comportamento em casa ou em outros grupos sociais.

Nesta parceria, pais e professores, devem manter o diálogo constante – é preciso que casa e escola sejam “uma via de mão dupla” – para que as intervenções em situações de bullying sejam positivas e eficazes sem expor, discriminar ou constranger e aumentar o sofrimento das crianças.

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Terezinha Nazar é Mestre em Educação pela UNESA. É Especialista em Desenvolvimento e Saúde Mental na Infância e Adolescência pela CESANTA e Especialista em Docência do Ensino Superior pela UCAM. Licenciada em Pedagogia nas habilitações: Orientação Educacional, Supervisão Escolar e Administração Escolar pelo CCHS – Instituto Isabel. Pedagoga na UERJ. Coordenadora Pedagógica no CAp-UERJ.

 

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Carol Nazar é criadora do Carol Nazar Babies, onde compartilha suas experiências sobre maternidade.

3 COMENTÁRIOS

  1. Muito bom! Tema muito oportuno, já que estamos vivenciando,cada dia mais, situações que, na maioria das vezes, acabam em tragédias! Quanto mais informações, mais esclarecimentos para a população!

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