E no meio de uma terça-feira marota chega uma pergunta daquelas que surpreendem qualquer pai e mãe. João no alto dos seus 4 anos e meio começa a perceber que o mundo é complexo e que há pessoas com cores diferentes da dele.
Ele pergunta pra mim sentado na escada de casa despretensiosamente:
– Mamãe, porque as pessoas com a cor da Iasmin (amiga dele) tem o cabelo diferente do meu?
Ajo com naturalidade e respondo da forma mais simples possível a pergunta.
Na mesma semana ele lança outra dúvida:
– Mamãe, pessoas com a cor da pele preta tem a mesma cor de sangue que o meu?
Respondo a pergunta tranquilamente.
E sinceramente acho maravilhoso poder participar ativamente no processo de conhecimento do mundo do João. Obviamente toda criança tem esse estalo, mas nem sempre elas se sentem à vontade de perguntar. Ou o que é pior elas formam suas crenças e conceitos através do que ouvem dos adultos que convivem.
Então, ter a oportunidade de ter esse diálogo com João é cumprir meu papel de margem, de guia na sua educação. Como prêmio ainda perceber que o nosso canal de diálogo está aberto, livre, que ele não precisa ter medo ou vergonha de me perguntar nada.
A medida em que o tempo for passando espero que as perguntas fiquem mais complexas e que a gente possa debater temas como privilégio, História do Brasil, impactos sociais e políticos. Cada coisa no seu tempo. O importante é a porta estar sempre aberta para ele perguntar o que quiser.
E assim vamos construindo uma geração mais consciente.
E você já passou por essa situação?
Já escrevi aqui nesse post um tema parecido com esse.