Hoje fazemos a estreia da nossa coluna Histórias Reais, espaço no qual as leitoras podem enviar suas histórias de superação, dificuldades ou simplesmente seu desabafo sobre a maternidade.

Acredito que conversando e abrindo nosso coração, não só nos ajudamos a colocar para fora aquela angústia instalada no peito, como também ajudamos outras pessoas, que podem ver que não estão sozinhas nos dilemas maternos do dia a dia.

Aqui, queremos realmente que prevaleça a #maternidadereal. Vamos falar sobre tudo sem tabus e principalmente sem preconceitos e julgamentos.

A história real de hoje é da Bianca, que foi mãe aos 32 anos de maneira completamente planejada, mas quando o filho João Pedro nasceu seus sentimentos não foram o que esperava… ela sentia uma melancolia, uma tristeza sem explicação.

Você já ouviu falar de baby blues? Não? Você pode ter passado por isso e nem sabe! É mais comum do que se imagina, mas infelizmente pouco falado.

Leia o verdadeiro e emocionante relato da Bianca.

Baby Blues ou melancolia puerperal

“Sempre sonhei em ser mãe. Aos 12 anos eu sonhava com o casamento acompanhado da maternidade. Em 2013 me casei e já pensava em ser mãe logo. Em janeiro de 2015, de forma privilegiada, fui presenteada com a gravidez na primeira tentativa. Tão logo minha menstruação atrasou, fiz o teste de farmácia e deu positivo, no mesmo dia fiz o de sangue e a confirmação da gravidez, uma alegria que não cabia no peito. Daí iniciei a preparação para contar para o futuro papai, para os familiares …

Comecei a buscar informação em blogs, sites, google, youtube, tudo do universo gestante, sobre maternidade e criação de filhos. Comecei a ver filmes, documentário e chorava ao assistir “Boas-vindas” do GNT e partos e mais partos na internet e relatos de parto.

Desejava um parto normal com anestesia e lia muito sobre tudo relacionado ao parto, benefícios para mãe e para o bebê. Enfim, tive uma gestação acompanhada por médico, familiares e amigos, curtia cada momento, tinha aplicativos no celular e cada ultra parecia meu encontro com o meu bebê. Meu filho já tinha nome antes de ser gerado então desde quando descobri o sexo o chamava pelo nome.

Não tive nenhuma intercorrência durante a gestação, ganhei 18 quilos, mas era a barriguda e gordinha mais feliz e sorridente, trabalhei até 3 semanas antes do parto, não tive nenhum problema de saúde e o bebê se desenvolvia bem.

Com 40 semanas e 1 dia o meu João Pedro chegou, as contrações iniciaram pela manhã sem dor e às 19h28min do dia 16/10/2015, João Pedro chegou de parto normal. Parecia perfeito, não é? Mas não foi bem assim, a minha dilatação evoluiu muito rápido, muitas dores nas duas últimas horas e por pouco meu filho não nasceu antes da equipe médica chegar. A anestesia foi apenas 15 minutos antes do nascimento.

Naquele dia que seria o melhor dia da minha vida as coisas não saíram exatamente como eu planejava e num parto não há edição. Eu fiquei confusa em meio a dor e ao estresse que vivi até ali. Eu não senti aquele amor que as pessoas dizem sentir, não ouvi sinos tocando ou uma alegria extrema. Depois que ele nasceu as visitas começaram e as pessoas me perguntavam como eu me sentia e eu não sabia como ser sincera sem chocar. Eu não entendia a tristeza que eu comecei a sentir após o nascimento do meu filho.

Eu chorei sozinha em meu primeiro banho ainda na maternidade. Em casa, na verdade na casa da minha mãe, passei o primeiro mês estressada, triste e com a dificuldade de acertar a pega na amamentação eu olhava pra tudo a minha volta e pensava “como a minha vida estava tranquila e ela agora mudou pra sempre”. E me sentia desamparada, triste e pensava na dor do parto, dor para amamentar e aquele serzinho perfeito tão dependente de mim e eu não sentia aquela paixão por ele.

Durante um mês eu fiquei me sentindo perdida, cuidava do meu filho como uma obrigação e sentia muita vontade de chorar, ele chorava e eu queria chorar junto com ele, até que um dia conversando com uma amiga médica entendi que o que estava passando era muito comum, mas eu não tinha lido nada sobre o tal baby blues. A partir disso eu comecei a entender que eu não era uma mãe desnaturada, mas uma mãe com uma melancolia puerperal muito comum às mamães nos primeiros dias.

Diante dessa consciência e do entendimento do que estava vivendo procurei ser mais racional diante daquela circunstância temporal e procurei fazer o meu melhor, curtir cada momento com ele e Deus me presenteou com o primeiro sorriso do João Pedro aos 28 dias, parecia que de alguma forma ele queria me acalmar e dizer que eu estava no caminho certo. Antes de completar três meses João Pedro já dava gargalhadas. A minha adaptação a nova vida durou por volta de dois meses.

Aos poucos a cada conquista do João Pedro o meu coração foi se enchendo de alegria e eu já não parava mais de curtir o meu filho e tirar fotos. O sentimento de tristeza após o nascimento, infelizmente, não é compartilhado por muitas porque não se espera que uma mãe fique triste após ter seu filho.

Sendo assim, fiquei muito mais calma ao entender o que estava acontecendo comigo, com minha mente. O pós-parto é muito complexo e cada mãe tem sua história e experiência, diante disso o importante é não se culpar, não se cobrar demais, é possível que você não dê conta de tudo e isso é normal. Muitas pessoas romantizam muito a maternidade e a realidade pode ser muito diferente, talvez você tenha ajuda talvez não, faça o seu melhor. Tenha paciência na amamentação, vai dar tudo certo. Ao final dos primeiros meses você vai descobrir que é verdade o clichê: “o amor só aumenta”.”

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Se você também quiser escrever seu relato mande um e-mail para contato@carolnazarbabies.com.br

Caso seja do seu desejo, não publicamos nome e tampouco foto.

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Carol Nazar é criadora do Carol Nazar Babies, onde compartilha suas experiências sobre maternidade.

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