O texto abaixo foi escrito por uma amiga muito talentosa a Fernanda Pirmez, quando li não pude deixar de publicar aqui!
Se deliciem e se identifiquem em muitas partes do que passamos nos primeiros meses de vida do bebê.
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Costumo dizer que a jornada que está por vir é uma montanha-russa louca – senta na cadeira, aperta o cinto firme e entra num mega looping. Do tipo endless, principalmente no início. Mas é a corrida mais incrível que você já percorreu. Você mal pode esperar. E só tendo um mini ser humano no seu colo pra entender.
Com o tempo, você vai se acostumar com os loopings e as quedas, e não vai mais sentir tanto frio na barriga assim. Aliás, nada mais na vida vai te dar tanto frio na barriga depois de ter um filho. Você ganha uma força de leoa, é instintivo. Meio clichê né? Mas é clichê mesmo, porque é isso. Todos os clichês se tornam realidade na maternidade, trust me.
Cada dia vai te mostrar uma versão de você mesma que certamente você nem sabia que existia. Você vai encarar versões de si própria pelas quais vai se apaixonar. E outras que não vai querer viver novamente. Mas, em algum dia qualquer, vai se encontrar novamente com você mesma e achar umcaminho do equilíbrio.
Vou te contar um pouco sobre o processo mágico que acontece quando vocês chegam em casa com o bebê – um portal se abre na sua frente. E alguma coisa magnética te puxa lá pra dentro. You can’t help it. Nunca pisei em nuvens, mas imagino que seja próximo disso. É surreal. Sensação de estar flutuando. É uma paz inexplicável que bate na nossa existência. Profundo né? Mas é isso. A gente olha pra um anjinho que tá ali dormindo e é simplesmente inacreditável. Uma explosão de novidade, com frio na barriga, com curiosidade. “Não acredito que fiz esse bebê e ele acabou de sair de dentro de mim!” – não tenho a menor dúvida que isso vai passar pela sua cabeça. E sim – é o milagre da vida literalmente se materializando na sua frente.
Você vai se adaptar muito mais rápido do que imagina a esse novo papel de mãe e, principalmente, a esse papel de puérpera. A natureza não nos dá muita opção. Ou se adapta, ou se adapta. Temos um neném indefeso absolutamente e completamente dependente de nós. Adianto pra você – eu achava besteira, mas aprendi que esse tal de puerpério é um fantasma que de fato existe, bate na porta de umas com mais intensidade do que na de outras. Mas, em geral, ele costuma ir embora quando percebe que ali não vai ter muito espaço pra ele. 😊 Enquanto ele estiver rodeando você, não tenha medo de sentir o que quer que você sinta. Desde de uma irritação enorme porque o tupperware está fechado com a tampa errada, passando por um choro incontrolável porque você não está conseguindo dormir direito, atéaquela cena de novela dramática onde as atrizes sofrem debaixo do chuveiro, se arrastam até o chão pela parede do box chorando, debaixo d’água, arrasadas. Pode chorar. Chore tudo que tiver vontade. Só lembre de uma coisa – vai passar.
Vai chegar o dia que o pai, infelizmente, vai ter que voltar a trabalhar. Seu parceiro no parto e naquele sonho que vocês estão vivendo. Nesse dia dói. Dói bastante mesmo. Mas, se eu posso dizer alguma coisa, é que você vai dar conta. Você vai se acostumar. E vai passar.
Amamentação é lindo – mas só na novela e no comercial da Bepantol Baby. Dói pra cacete. É exaustivo. É muita dedicação e disciplina. Mas, como mães são seres altamente resilientes, você vai dar conta do recado e depois vai ser lindo, não tenho dúvidas. E toda a experiência dolorida dos primeiros dias, graças a Deus vai passar.
Gosta de música? E de dançar? Espero que sim. Música e coreografias ritmadas lhe serão muito úteis nesse mundo que te espera. Na calada da noite, altas madrugadas e à tarde quando estiver colocando o bebê pra dormir, seu repertório de músicas não será muito vasto no início e logo se esgotará. E você vai buscar novas fontes (Beatles for Babies, Bob Marley for Babies, Coldplay for Babies, MPBaby, Palavra Cantada, Bita, o som do útero no Youtube – superútil, aliás –, música clássica, etc #ficaadica).Lembre-se de mim no dia que isso acontecer – até o hino do Vasco ou do Fluminense (quem sabe?), e o hino do Brasil você vai cantar! Vai por mim. São músicas longas, vão encaixar perfeitamente quando a hora chegar. Aí depois, seu repertório aumenta e vai começar a criar as suas músicas! Essas são as melhores! Vale a pena até escrever as letras pra lembrar no futuro. E coreografias? Ahhh, vai inventar muitos circuitos e passinhos possíveis no quarto do bebê até ele dormir. Tudo ritmado na música escolhida. Prepare a coluna, pois você vai dançar um monte com ele no colo!
É possível que nas primeiras noites você mal consiga dormir. E não é nem porque o bebê não dorme – ele até que dorme nos 1os dias! A gente que fica uma pilha mesmo. É muita novidade na nossa vida. Muita adrenalina. Então, prepare o Tylenol – vai rolar uma dor de cabeça esquisita nos dias iniciais. Aguenta firme, pois vai passar.
Vão haver dias em que você buscará ajuda com suas amigas mães, que passaram pelo mesmo que vocêalgum dia. Nossa, como isso ajuda viu! Ter rede de apoio é tudo para uma recém mãe! Mas seleciona pra quem você vai pedir opinião. Senão é loucura. Você vai se deparar com outras mães no seu caminho que serão muito solidárias com você, te ajudando com as compras ou abrindo uma porta. A rede é incrível! Mas tem também a família não tão chegada, amigos distantes, a tiazinha do supermercado, a senhora que tá passando na rua – esses são “opinadores” profissionais de plantão, prontos pro que der e vier! Vão adorar fazer qualquer comentário sobre qualquer som que o bebê emitir. “Tá com fome! Tá com sono! Tá manhoso! Tá cansado! Tá com fralda suja!”. Não fazem de má vontade… no fundo, estão querendo ajudar. Mas com o tempo, conforme você for ganhando mais confiança, os comentários diminuirão. Quer dizer – isso também vai passar.
Ah, antes que eu esqueça. Você vai conhecer a sua versão da praticidade! Prática vai virar seu sobrenome. De novo, não temos opção. Por um tempo, você vai usar muita blusa de botão e deixar de usar aquela bolsa bonita pra sair, salto alto vai diminuir, vestido então, nem se fala… vai selecionar mt bem as ocasiões onde você vai arriscar uma saia. Mas um dia os bebês viram crianças, ganham mais autonomia, volta a saia, volta o vestido, volta a bolsa bonita e o batom. E mais dia menos dia, nosso bebê tá chamando a gente de linda. Então, isso vai passar(e eu mal posso esperar o momento dele me chamando de “linda”!).
Você vai ganhar também um upgrade para fazer download de uma funcionalidade importantíssima: multitasking. Ahhh minha amiga, esse negócio de não fazer 2 coisas ao mesmo tempo deve ser pros homens. Vira mãe pra você ver o que acontece… da noite pro dia tá multitasking. Muitas coisas você vai resolver enquanto amamenta. Eu disse MUITAS. Mesmo. Desde ir ao banheiro, até almoçar, fazer caminhadas… O celular vai virar uma extensão do seu corpo e um meio de se comunicar com o mundo ao seu redor, enquanto recém-mãe. Pois é. Você vai ganhar um “novo companheiro”, muito útil pra te manter em sanidade mental e alerta nas madrugadas longas. É claro que já vivemos um pouco assim hoje em dia, através da tela. Mas se intensifica, até a vida voltar um pouco mais pros eixos.
Depois de alguns bons dias em casa, você vai ter vontade de ver a cara da rua. Pisar do lado de fora, pra ver as pessoas, comprar algo na padaria. Inventar alguma comidinha. Comprar um bolinho naquela lojinha do lado de casa. Vai valorizar mt essas pequenas saídas! Se te chamarem pra ir na casa lotérica ou nos correios você vai aceitar! Lembre-se de mim quando isso acontecer. 😉 Até que, com o tempo, as saídas se tornarão mais comuns e vocêvoltará a ter uma vida mais integrada ao mundo, aos poucos.
Sobre passeios com o bebê – como é nas primeiras vezes? Vai ser loucura? Vai. No início, levá-lo pra tomar um solzinho vai parecer que vocês vão viajar. Principalmente porque você está sem sair na rua há um tempo (lembra?). O barulho, as pessoas, o movimento, tudo vai te deixar exausta. E a gente fica sem saber o que pode precisar pro pequeno na rua, o que pode acontecer, o que temos que levar conosco… não temos mais bolsa… (lembra?) então nossas coisas vão aonde? Na bolsa do bebê, claro. Mas mesmo nela teremos que achar nosso espaço. E vai ser confuso, vai por mim! Rsrs! Mas, de novo, somos sinistramente adaptáveis e logo esse sentimento de que estamos levantando um acampamento a cada vez que vamos passear pro banho de sol vai passar.
Você vai conhecer cantinhos da cidade, pracinhas, eventos, passeios, museus, centros culturais, cafés, redescobrir a orla da praia, a lagoa, o Jardim Botânico. A casa dos avós. Vai achar deliveries online de comidinhas saudáveis e itens interessantes que nunca antes tinha ouvido falar. Vai descobrir várias receitas novas pra tentar em casa enquanto seu bebê dorme. Vai pensar na festinha de 1 ano com muitos meses de antecedência. Sim, porque por mais que você queira, você não vai dormir sempre que ele dormir também… fato.
Um dia, você vai voltar ao trabalho. Com sorte, depois de vários meses! É um mix de “uau, minha vida, meu trabalho, meu almoço em paz, meus amigos, papos aleatórios sem ser fralda, sono e mamá, desafios mais intelectuais!” versus “estou me sentindo esquisita, sozinha, está faltando uma parte minha aqui do lado, colada em mim a todo lugar que eu vou”. A natureza é sábia, vai nos afastando dos pequenos aos poucos, gerando autonomia no sistema e, de alguma forma, nos ajuda nesse reencontro com a gente mesma.
Enfim. Eu poderia ficar aqui relatando todas as fases. Acima de tudo, você vai sentir um turbilhão de emoções ao mesmo tempo, cada uma tão importante quanto a outra. Dê espaço pra cada uma delas chegar. Sinta e viva cada uma intensamente. And let it go. Porque afinal, tudo vai passar.
Tire muitas fotos. Faça vídeos. Registre os momentos simples. Porque isso também vai passar. Esse processo de evolução inicial é muito mais rápido e fugaz do que imaginamos.
Sabe o amor? Então. Prepare-se para sentir o que vem depois do amor.
Bem-vinda. Estamos aqui deste lado do portal te esperando, para o que você precisar.
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