Transcrevo abaixo um artigo escrito por Connirae Andreas, em 26/11/2007, publicado no site Golfinho, o qual é o portal oficial de PNL no Brasil.

PNL significa programa de neuro-linguística, muita coisa da disciplica positiva já era tratada na PNL. Sendo assim, se você se interessa (e acho que sim por acompanhar este humilde blog) por uma educação não-violenta, vale muito a pena ler os artigos publicados no site em referência.

Utilizando benefícios/vantagens/ganhos/objetivos

A essência na cooperação é que todas as pessoas envolvidas consigam algum benefício dela. O problema é que, muitas vezes, como o mundo das crianças é pequeno, fica difícil elas perceberem os mesmos benefícios que os seus pais. O benefício de permanecerem limpas, aprenderem a se vestir, etc., está normalmente muito longe no espaço ou no tempo para que uma criança pequena perceba. Quando isso realmente ocorrer, é conveniente fazermos essas perguntas primeiro:

  1. É uma questão da saúde do meu filho, da sua segurança ou do seu bem estar? Se for, pode ser algo onde eu quero tomar providências.
  2. Se eu não tomar providências, o mundo irá, de algum modo, proporcionar uma consequência para encorajar um comportamento positivo do meu filho?

Se eu considerar que uma tarefa ou um comportamento é importante, mas o meu filho ainda não percebeu isso, eu posso ligar essa tarefa, que não é atraente para a criança, com um benefício imediato.

Exemplo: Mark, 20 meses, estava com uma fralda que realmente precisava ser trocada. Ela já estava caída e com conteúdos desconhecidos. Nada disso fazia diferença para ele, que estava muito contente e continuava brincando nessa condição.

“Hora de trocar a fralda, Mark.”

“Não.”

Eu rapidamente pensei em algo que o Mark iria adorar fazer naquela hora. “Você quer brincar de correr, Mark? Quer que a mãe corra atrás de você?”

“Sim!” Mark ficou animado com a menção de um dos seus brinquedos favoritos.

“Certo. Então precisamos trocar primeiro a fralda, depois então a mãe vai correr atrás de você!” falei bem animada. Mark prontamente foi para o banheiro trocar a fralda, enquanto pensava com ansiedade sobre a diversão que ia ter daqui a pouco.

Você pode utilizar qualquer coisa que o seu filho gosta de fazer para que ele concorde em fazer outras coisas que não são nada divertidas – coisas como juntar os brinquedos, vestir a roupa, escovar os dentes antes de ir para a cama, lavar as mãos antes das refeições, etc.

Muitos pais se esforçam para conseguir que seus filhos façam essas coisas necessárias. Ao conectar essas atividades com algo que o seu filho percebe como um benefício, você pode tornar mais fácil essa parte do seu trabalho.

Começando muito cedo, e continuando até a maioridade, as crianças têm certas atividades favoritas. Em torno dos dois anos de idade, Mark gosta de passear na rua, dar “tchau tchau” (serve qualquer lugar), ter alguém para correr atrás dele, brincar de balanço ou alguém ler para ele. Se eu faço essas atividades logo depois de algo que o Mark não estava motivado para fazer, eu consigo a cooperação dele em vez de resistência.

A experiência do Mark com essas ligações também ensinou para ele uma maneira de interagir bem com seu irmão mais moço e, mais tarde, com as outras pessoas. Mark aprendeu, por exemplo, uma maneira de conseguir que os outros queiram fazer coisas, em vez de forçá-las. Muitos anos depois, eu, ocasionalmente, vi o Mark usando esse método com seus irmãos mais moços.

Conseguir vesti-los

Conseguir vestir as crianças é um “problema” que os pais têm, particularmente com as crianças pequenas. Aqui está um exemplo de como usar esse princípio para conseguir que o seu filho coopere em se vestir.

“Vamos se vestir, Mark.”

“Não.”

“Você quer sair?” (ou “Quer ir até a casa da Katie”, “Quer fazer um lanche?”, etc.)

“Quero.”

“Tudo bem. Assim que você se vestir, você pode ir lá para fora.”

Conseguir que as crianças limpem a mesa

É hora do jantar e Mark com 7 anos, Loren com 5 e Darian com dois anos e meio, estão profundamente envolvidos com os seus brinquedos. A mesa de jantar ainda está cheia com o último projeto deles – balões do Papai Noel, renas e ursos. Eu quero que eles mesmos peguem suas coisas e limpem a mesa para o jantar.

“Vocês estão prontos para o jantar?” perguntei com uma voz amorosa. No princípio não consegui resposta — parece que eles nem ouviram a minha pergunta. “Mark, Loren, Darian,” falei um pouco mais alto (mas ainda cordialmente), “estão com fome?”

“Sim!” exclamaram, agora que eles registraram a pergunta.

“Eu também”, concordei. “Vamos ter hambúrguer para o jantar!” acrescentei, sabendo que é um dos pratos favoritos deles. “Está na hora do jantar, e podemos comer assim que vocês limparem a mesa. Vejam, cada um tem algumas coisas em cima da mesa para guardar. Depois podemos comer.” Quando eles se dirigiram para a mesa, eu fiquei de olho caso precisassem de sugestões do que e como limpar a mesa.

Trocando as fraldas

Aqui está outra maneira típica de como manejamos a troca de fraldas quando a criança não quer. Em vez de programar um prazer imediato para depois da tarefa, você pode fazer isso acontecer ao mesmo tempo.

“Oh, as suas fraldas precisam ser trocadas.”

“Não!” diz seu filho, envolvido com algum brinquedo ou atividade.

“Você quer levar isso junto com você?” perguntei, estendendo para ele qualquer dos brinquedos que ele estava brincando ou pudesse ficar interessado.

“Sim.”

Normalmente nesse ponto a criança fica absorvida com o brinquedo e, de boa vontade, concorda em ser trocada.

Ligação para consequências positivas: etapas do método da cooperação recompensadora.

  1. Você quer que seu filho faça algo (X), mas o seu filho não está interessado.
  2. Pense no que seu filho gostaria de fazer (Y) depois de fazer (X) ou enquanto faz (X).
  3. Comunicação: como deixar seu filho saber exatamente o que você está oferecendo.
  • Primeiro estabeleça interesse em (Y). “Você quer Y?” “Você gostaria de fazer (Y)?” Normalmente também funciona mencionar algo que você sabe que a criança gosta, com um tom de voz demonstrando muito interesse. Se a criança não está interessada em (Y), você pode querer pensar em alguma outra coisa, (Z), que é bastante atrativa. Espere até conseguir uma resposta positiva.
  • Depois que você conseguiu o interesse em (Y), faça (Y) dependente de fazer (X). “Grande! Assim que você tiver feito X, você pode Y.”

Consequências naturais

Algumas vezes, o seu filho não fica particularmente entusiasmado com a consequência como você achava que ele ficaria. As suas sugestões não o seduzem o suficiente para que ele queira fazer o que você está exigindo. Quando as crianças não cooperam imediatamente, você pode, muitas vezes, descobrir uma consequência natural da situação para conseguir que a criança coopere logo. Você pode dar duas alternativas para ela escolher, duas que sejam boas para você.

Exemplo: “Você quer descer, Mark?” Nenhuma resposta.

“Se você quiser pode ficar na sua cadeira, mas se quiser descer, a mãe precisa limpar primeiro as suas mãos.” Eu sou cuidadosa ao dizer isso num tom de voz claro, até agradável. Minha voz diz que não me importa o que ele escolher, se para ele estiver bom.

Vamos dizer que eu simplesmente me movimentei em direção ao Mark com um pano úmido para limpar as mãos dele. Se o Mark esconder as mãos, eu normalmente não forço. E vez disso digo: “OK, Mark. Se você não quer me deixar limpar as suas mãos, você vai ter que ficar na sua cadeira.”

Meu trabalho como mãe é muito mais fácil se eu não o forço. Eu deixo ele fazer a escolha. Realmente não faz diferença para mim se ele fica por mais tempo na cadeira com as mãos sujas, ou se ele desce agora com as mãos limpas. Quando eu tenho um poder como esse, eu deixo ele escolher. Eu sei que o tempo para ele passa muito mais devagar quando ele não tem nada muito interessante para fazer.

Muitos pais tornam as coisas mais difíceis do que elas são na realidade. Muitas vezes eles lançam mão da força quando a própria situação levaria a criança a fazer uma escolha apropriada. O esforço dos pais pode ser desperdiçado, além do que a força também pode criar ressentimento na criança.

Diga antes para o seu filho quais os benefícios ou consequências positivas.

Tanto quanto possível, deixe seu filho saber antes quais são os benefícios disponíveis. Em particular, enfatize as consequências positivas: o que seu filho pode fazer para ter certeza de que as coisas saiam do jeito que ele quer?
Alguns pais entram num ciclo ao contar mais tarde o que o filho “podia ter feito” se tivesse agido melhor. “Já que hoje você foi muito maldoso, não vou levá-lo ao cinema.” “Eu não acho que você foi suficientemente asseado para mim fazer Y.” É bom o progenitor não querer recompensar comportamentos não cooperativos. Entretanto, isso coloca a criança numa posição muito difícil por descobrir tarde demais as consequências e fazer alguma coisa a respeito, resultando frustração e ressentimento. Quando a informação é dada mais tarde, é apenas punição. A criança precisa antes da informação sobre as consequências positivas para se motivar e adaptar o seu comportamento na direção que você quer

Use um tom de voz agradável.

Um tom de voz agradável faz diferença entre a criança se sentir punida ou recompensada. Se você está pensando sobre os benefícios para o seu filho e quanto seu filho irá desfrutar deles, você vai usar automaticamente um tom de voz ativo e agradável.

Invertendo a ordem.

Você irá obter uma resposta melhor do seu filho se, ocasionalmente, você fizer primeiro o que ele quer. Isso funciona melhor com crianças pequenas.

Exemplo: o pequeno Mark estava me acompanhando numa ida ao shopping. Como qualquer criança pequena, ele rapidamente se tornou interessado em muitas coisas que iriam nos tirar do trajeto planejado.

Todas as crianças pequenas fazem isso. Você pode tornar uma ida ao shopping divertida para os dois se fizer algumas coisas que a criança gosta, e ligando-as, explicitamente, com o que você quer fazer depois. “Certo, vamos subir nessa escada rolante, e depois vamos olhar umas camisas para seu pai.” Depois que a criança fizer algo que ela quer, ela normalmente se torna mais cooperativa em concordar com você, especialmente quando você torna a ligação bem clara.

Quando a criança é um pouco mais velha, eu fico mais inclinada a tratar primeiro dos meus “assuntos”, e depois fazer algo especial para a criança. “Depois de irmos até a farmácia, podemos parar e pedir um suco de laranja.”

Benefícios de longo prazo para seu filho.

Práticas efetivas na criação do seu filho não tornam as coisas mais fáceis apenas para você. Também trazem benefícios de longo prazo para seu filho.

A ligação com consequências positivas ajuda a desenvolver a habilidade de planejar para frente – fazer coisas com consequências positivas. Muitas das tarefas da vida não são divertidas nem agradáveis, mas ao fazê-las tornamos melhor a nossa vida no futuro. Se a criança teve essas pequenas experiências quando pequena, isso servirá como base para serem feitas numa escala maior quando elas forem mais velhas. Eu estou escrevendo um livro – uma tarefa que consome muito tempo e dá um grande trabalho. Eu não faria isso se não tivesse um meio de perceber e responder às esperadas consequências positivas de longo prazo oriundas do meu comportamento.

Para ler outros textos sobre educação clique aqui.

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Carol Nazar é criadora do Carol Nazar Babies, onde compartilha suas experiências sobre maternidade.

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