Todo dia nos questionamos se estamos acertando na educação dos nossos filhos. Na teoria tudo é muito fácil, mas no stress do trabalho, na impaciência nossa de cada dia, às vezes optamos pelo meio mais fácil para conseguirmos ter um pouco de sossego. Mas será que justifica?

Não estou aqui para julgar ninguém, muito pelo contrário! Já arrumei a bagunça do João várias vezes só para sairmos mais rápido de casa, pulando todo o processo de conscientização que ele deve arrumar o que desarruma, como já falei aqui.

Pensando nisso, a psicóloga Dra. Maria Nogueira, nos ajuda com o texto abaixo a criarmos futuros cidadãos conscientes, através do trabalho da criança em casa.

A voz do especialista

É de grande importância para o desenvolvimento neuropsicológico da criança as pequenas atividades realizadas no cotidiano da família. Através destas atividades se estimula a formação das funções executivas, tão importantes para a construção da relação com a vida.

Segundo Lezak (2004), as funções executivas são fundamentais ao direcionamento e a regulação de várias habilidades intelectuais, emocionais e sociais.

Os pais precisam refletir sobre a importância deste processo de psicoeducação, diferenciando o objetivo do trabalho do adulto daquele da criança.

O objetivo do trabalho que a criança realiza é diferente do adulto. O adulto normalmente escolhe a atividade e a realiza de forma mais rápida, trabalhando para uma produção eficiente. Por outro lado, a criança trabalha para dominar a atividade e para aperfeiçoar uma habilidade. Ela é capaz de ficar dias esfregando um chão e num belo dia, aquela atividade simplesmente não desperta mais o menor interesse nela. Isso não significa preguiça ou qualquer outro motivo, mas sim que a criança já dominou aquela habilidade.

A criança desde a mais tenra idade encontra um enorme prazer de imitar o que os adultos fazem, sendo esta uma mera satisfação de fazer por si só. Por essa razão, desenvolvem diferentes habilidades e através delas a sua auto estima, segurança e o planejamento de uma ação, tornando-se física e mentalmente independente e responsável e consequentemente, desenvolvendo o seu autocontrole emocional.

No dia a dia, em sua casa, dê oportunidade ao seu filho de vestir-se, comer sozinho e arrumar seus brinquedos. Com essas atividades tão simples eles aprendem a se concentrar para controlar suas mãos, se deslocar, agir com cuidado e ainda aplicam a lógica para a busca de soluções.

Estas atividades são a base para todas as áreas de aprendizagem, não só na infância, mas em toda a vida. Aprender a fazer atividades simples e ao mesmo tempo complexas, atividades essas que observam a todo o momento na família, o ajudará a construir a sua participação social e a entender o seu papel como cidadão no mundo.

Dicas práticas:

• Ofereça a criança a oportunidade de realizar sozinha diferentes atividades. Para tanto, organize o armário junto com ela, colocando as mudas de roupas classificadas, utilizando critérios como por exemplo: roupa de sair, roupa de ficar em casa etc;
• Arrume com seu filho a mochila que vai para a escola;
• Ofereça a criança a oportunidade de lavar-se. De início demonstre como fazer e gradativamente estimule-a a fazer por si só, orientando sempre que necessário, afim de que a criança progrida qualitativamente;
• Estimule-a a participar dos afazeres da casa, como pôr a mesa e fazer a cama. Isto criará uma responsabilidade nela;
• Convide-a a preparar o lanche ou qualquer atividade de culinária, o que ela fará com um enorme prazer, preparando-se para vida;
• Incentive-a a cuidar do meio ambiente: não jogando lixo nas ruas, cuidando dos jardins, poupando água e luz. Isso será um exercício de boas práticas de vida e de ecologia;
• Exercite as regras de agir com cortesia em família e fora de casa. Ensine o seu filho a pedir licença, falar por favor e a agradecer. Outro bom exemplo é desligar a tv no horário das refeições, o que estimula a conversa em família. Lembre-se que você é o modelo, portanto fale baixo e não faça aquilo que julgar inadequado ao bom convívio social;
• Estimule o zelo pelos seus pertences, seja brinquedos, mobílias ou roupas. Não permita que seu filho inutilize qualquer objeto, por menos valioso que seja. Isso pode ser o diferencial quando ele for adulto e puder valorizar as mínimas conquistas da vida;
• Estimule o uso adequado de cada espaço físico: corremos no play, jogamos bola no espaço aberto e comemos na mesa. Exercícios deste tipo ajudam a criança a perceber algumas regras e o comportamento adequado nas diferentes situações sociais.

Experimente e cuide dos pequenos detalhes, para que no futuro, seu filho possa desenvolver a autonomia na sua relação com a vida.

Colaborou neste post Dra. Maria Nogueira, psicóloga especializada em neuropsicologia, psicopedagogia e psicologia escolar. Ela atende em seu consultório no Rio de Janeiro. Para falar com ela envie e-mail para mariacpnogueira@gmail.com ou ligue para (21) 99731-1425.

Artigo anterior6 Camas Casinha Montessorianas
Próximo artigoVacinação na gestação
Carol Nazar é criadora do Carol Nazar Babies, onde compartilha suas experiências sobre maternidade.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui