História Real

Acho que muita gente tem curiosidade em saber como ocorre o pré natal e o parto em outro país, principalmente nos Estados Unidos, onde tantos brasileiros moram ou pensam um dia em morar.

Hoje vou contar a história da minha prima postiça Manoela, que relatou para mim como foi o pré natal e o parto dela em Miami, nos Estados Unidos.

A descoberta

A Manoela, o marido e o filho mais velho (o fofíssimo Dom) se mudaram de São Paulo para Miami em meados de 2017.

Quando ainda estavam vendo toda a burocracia da mudança, documentação, enfim estavam ainda entendo o país, a Manô descobriu que estava grávida. Foi um grande susto!

A primeira coisa que pensou foi conversar com pessoas que ela conhecia, que já haviam tido filho nos EUA para saber como as coisas funcionavam por lá,  a fim de saber indicação de médico obstetra, já que não queria ir em qualquer um aleatório da lista do plano de saúde.

Dificuldades

A primeira dificuldade enfrentada foi descobrir há quantas semanas estava grávida, pois ela não menstruava há muito tempo. E sem essa informação ela não conseguia nem marcar uma consulta, simplesmente recusavam o atendimento!

Ela teria que marcar uma consulta com um clínico geral,  fazer exames para descobrir o tempo de gravidez e só depois marcar a consulta com o obstetra.

Além disso, a maioria dos médicos não tinha mais disponibilidade, estavam com a agenda lotada. Isso obviamente a deixou muito frustrada, ansiosa e aflita (não é para menos).

Se lamentando com uma amiga do trabalho do marido, a qual tinha indicado um dos médicos, esta se solidarizou e se propôs a enviar a uma mensagem ao médico explicando a situação dela de estar sozinha no país, sem família e a descoberta da gravidez recente.

O médico respondeu a mensagem dizendo para a Manoela enviar um e-mail para a clínica com cópia para ele que ele a atenderia mesmo sem saber o tempo da gestação.

Ele fez o ultrassom e descobriram que ela estava com 13 semanas de gestação!

Começando o pré-natal

O pré-natal segundo a Manoela é completamente diferente do Brasil.

Aqui, em geral temos um exagero de exames. Isso talvez se deva ao fato de que a assistência à saúde é muito cara nos EUA, então só se faz o que é realmente necessário.

A gestante faz todos os exames no próprio consultório. Durante toda gestação se faz 4 ultrassons apenas. Um para confirmar quantas semanas de gravidez, 2 morfológicos (feito fora do consultório médico) e o último para verificar a quantidade de líquido aminiótico e a placenta no final da gravidez.

É realizado ainda um exame de urina e um de sangue apenas. A consulta médica com o obstetra é mensal.

Se as 4 ultras estão ok, o coração está batendo e a grávida não tem nenhuma queixa não se faz mais exame nenhum.

Não existe ultrassom 4D, pois este exame não interessa nada ao médico. Caso a gestante queira, ela agenda numa clínica tipo de estética (pasmem!) e faz o exame, que não é realizado por médico. É só para imprimir fotos, custa 80 dólares e o plano de saúde não paga.

Outra curiosidade é que o exame de toque, como de praxe, é feito com 36/37 semanas de gestação e antes disso o médico nem toca na paciente.

Claro que essa diferença toda a deixou muito confusa mas é assim que acontece…

O parto

Antes de mais nada é preciso esclarecer que lá existem grupos de obstetras, ou seja, o médico faz parte de uma equipe, então você pode ser atendida por qualquer médico deste grupo. Na prática, isso quer dizer que o médico que te acompanha a gravidez inteira não necessariamente fará o parto. E obviamente foi o que aconteceu!

Mas isso não foi um grande problema para a Manoela, uma vez que ela não tinha a menor intimidade com o médico.

Dois dias antes do parto ela começou a sentir uma cólica muito forte. No dia D mesmo, um domingo de manhã (9h) começou a sentir as contrações, quando foi urinar a bolsa estorou. Ela tomou banho, fez as malas e foi para o hospital às 10h30m.

Quando chegou ao hospital a primeira pergunta foi se era o primeiro filho, ela respondeu que não. Nem fizeram o cadastro e foram para a sala de parto direto. A enfermeira fez o exame de toque, já estava com 7 de dilatação, ou seja quase nascendo!

Uma coisa que a estava preocupando é que o hospital não aceitava doula e nem enfermeira obstétrica particular. No parto do primeiro filho ela havia contratado e foi um grande diferencial no parto.

Entretanto, o próprio hospital já oferece a enfermeira obstétrica/doula, que fica o tempo todo com a gestante na sala de parto. Em todo hospital há esta profissional para auxílio no parto, acompanhando o ritmo das contrações, fazendo massagem etc.

Outra diferença é que o anestesista é do próprio hospital, no Brasil na rede privada pelo menos o anestesista faz parte da equipe médica do obstetra e muitas vezes temos que esperar o anestesista chegar ao hospital para aplicar a anestesia. O que pode demorar bastante se você começa a ter as contrações no horário de rush numa grande metrópole.

Explico isso, porque no parto do primeiro filho (que também foi parto normal com anestesia) o anestesista demorou muito a chegar e a Manoela sentiu muita dor, inclusive vomitou de tanta dor. Quando a anestesia foi dada ela não pegou direito e tiveram que reaplicar o que paralisou as suas pernas. A equipe médica do Brasil disse que ela tinha que sentir as pernas para poder fazer força, então tiveram que esperar a anestesia passar um pouco para voltar aos procedimentos. O que fez com que o parto levasse 13 horas.

Nos EUA, assim que ela chegou no hospital disse que queria ser anestesiada. Assim foi feito, quando ela percebeu que não estava sentindo as pernas, achou que daria tudo errado de novo.

No entanto, ao questionar a enfermeira que estava no quarto, ela disse que é assim que funciona. Não há necessidade da paciente sentir dor nenhuma. A enfermeira monitora pelo computador o momento da contração, avisa a paciente para fazer força, que faz para prosseguir com o parto.

E assim foi sendo feito, quando chegou a 10cm de dilatação, a enfermeira saiu da sala e chamou a médica – a médica só entra na sala de parto na hora da expulsão – antes disso só ficam as enfermeiras.

Com 5 horas de duração do parto o Tim veio ao mundo, num parto muito mais calmo, tranquilo e sem dor, apesar de toda a preocupação da Manoela durante o pré-natal.

Após o nascimento o colocaram direto no peito para que ele mamasse e só depois o tiraram para fazer o protocolo de limpeza e corte do cordão umbilical.

Para ler mais histórias reais clique aqui e aqui.

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Carol Nazar é criadora do Carol Nazar Babies, onde compartilha suas experiências sobre maternidade.

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